In “Portugal Antigo e Moderno”, de Pinho Leal (1874, Vol. 3, Pág. 8)

Freguesia, Beira Baixa, comarca de Trancoso, concelho de Aguiar da Beira, 35 quilómetros a Este de Viseu, 300 a Nordeste de Lisboa, 80 fogos.

Orago Nossa Senhora da Conceição.

Em 1767 tinha 67 fogos.

Bispado de Viseu, distrito administrativo da Guarda.

O abade de Coruche, da Beira, apresentava o cura, que tinha 9$000 réis de côngrua e o pé de altar.


Capela do Senhor do Castelinho

Segundo escreve José Diogo da Cunha, abade de Carapito, sonhou um lavrador e sua mulher do lugar de Aldeia Velha, freguesia de Açores, que no lugar do Ancinho, desta freguesia do Eirado, estava em uma gruta, entre dois grandes penhascos, uma imagem de Jesus Cristo crucificado. Foram os sonhadores ao sítio sonhado e aí acharam um pedregulho, que alguma semelhança tinha com um crucifixo.

Fez este achado grande alegria e balbúrdia no povo, que logo tratou de fazer dar à pedra tosca uma forma mais parecida com gente, e lhe puseram o nome de Senhor do Castelinho, por ser encontrado no cimo dos tais penhascos, onde havia um pequeno Castelo de alvenaria. Espalhou -se a notícia tanto que em pouco tempo as ofertas chegaram para se formar uma irmandade e para se dar princípio ao majestoso templo do Senhor do Castelinho.

Dirigiram as obras dois devotos, da família dos Beltrões, da vila de Carapito. Concluída a Capela, mandaram-lhe pôr a seguinte inscrição: 

«O sr. José de Gouveia Beltrão, de Carapito, mandou fazer esta obra em o ano de 1754.»

Zangaram-se com isto os devotos, e logo cessou a devoção, as ofertas e a continuação da obra. Da confraria há apenas um pequeno fundo, cujo rendimento mal chega para uma festa no 1º domingo de setembro, com grande romaria, a que dão um nome muito... esquisito.

Também à imagem, objecto da festa, lhe dão indistintamente o nome de Senhor do Castelinho, Senhor dos Ancinhos ou Senhor dos Engaços. (Aqui engaços ou ancinhos são sinónimos.)

Extracto da obra “Portugal Antigo e Moderno”, de Cunha Leal (1874, Vol. 3, Pág. 8)

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A capela, foi mandada edificar em 1734, por José Gouveia Beltrão, com comparticipação popular. É um monumento de planta rectangular, com abóbada e alpendre, que se situa numa ampla rechã. Na fachada principal, a porta insere-se numa parede ligeiramente recuada, despida de ornatos e delimitada por duas colunas de capiteis simples e ligadas por amplo arco de volta inteira. Pináculos de forma piramidal e base quadrangular, rematados por esfera, encontram-se em cada um dos topos do telhado de duas águas que, do lado direito, apresenta uma estrutura metálica, sobrepujada por cruz, que serve de suporte ao sino. No interior, uma imagem do Senhor do Castelinho está esculpida na própria rocha granítica de um penhasco que ali se encontra. Fronteiro ao templo pode ver-se um cruzeiro

In “Centro Nacional da Cultura” (225/10/2008)


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