Freguesia de Pinheiro (Aguiar da Beira)
Freguesia de Pinheiro (Aguiar da Beira)

POPULAÇÃO DE PINHEIRO (de 1864 a 2011)

1) Número de habitantes;  2) Variação do número de habitantes; 3) Taxas de crescimento da população; 4) Evolução da população comparada (1900-1960; 1960-2011); 5) Proporção face ao total da população do concelho: 6) Densidade demográfica; 7) Número de habitantes por grupo etário (2001 e 2011); 8) Percentagem de habitantes por grupo etário (2001 e 2011); 9) Diferenças por grupo etário (1878-2011); 10) Escolaridade e taxas de analfabetismo em 2011; 11) Descrição e história da freguesia


(Analfabeto - Indivíduo com 10 ou mais anos que não sabe ler nem escrever, isto é, incapaz de ler e compreender uma frase escrita ou de escrever uma frase completa. 

Taxa de analfabetismo – Percentagem de analfabetos relativamente ao número de habitantes com mais de 10 anos de idade)


HISTÓRICO E DESCRIÇÃO DA FREGUESIA DE PINHEIRO EM 1876

Freguesia, Beira Baixa, concelho de Aguiar da Beira, comarca de Trancoso, 30 quilómetros ao Norte de Viseu, 305 ao Norte de Lisboa. Tem 100 fogos. Em 1737 tinha 63 fogos.

Orago, Santo António de Lisboa.

Bispado de Viseu, distrito administrativo da Guarda.

O vigário de Aguiar da Beira, apresentava o cura, que tinha 7$000 réis de côngrua e o pé de altar.

A 3 quilómetros do lugar do Pinheiro, está uma serra pouco elevada, e no centro dela, um “platô”, ocupado por vinhas e pomares, no meio dos quais está a capela de Nossa Senhora do Mosteiro, também chamada Nossa Senhora do Vencimento (da Vitória), templo muito antigo e célebre pela notícia que dele traz frei Bernardo de Brito, na sua Monarquia Lusitana, parte 2ª. L°. 7º. cap. 23.

D. Ramiro III de Portugal e Galiza, que nascera em 962, foi aclamado rei, em 967, e, como tinha apenas cinco anos, foi o governo do reino dado a sua mãe, que fez as pazes com o rei mouro de Córdova; mas não com o de Sevilha, que invadiu Portugal pelo Sul chegando até á Galiza, devastando todo o país, e só retirou quando uma terrível peste se desenvolveu no seu exército (981).

D. Ramiro, tratando com desprezo e insolência os condes de Portugal e da Galiza, estes, em desforra, aclamaram por seu rei, ao infante Bermudo II, filho de Ordonho, em 982.

Os dois rivais tiveram entre si cruentas batalhas, nas quais pereceu a principal nobreza destes reinos, e grande número de soldados; porém a morte de D. Ramiro, decidiu a sorte a favor de D. Bermudo.

Almançor, rei de Córdova, quebrando as pazes que havia feito com D. Ramiro, e aproveitando a ocasião em que os dois príncipes cristãos se batiam encarniçadamente, tornou a invadir Portugal (985) devastando todas as terras por onde passava, e derramando muito sangue português.

Tomou à força de armas, Coimbra, Viseu, Lamego, Braga, e outras muitas povoações e fortalezas, reduzindo Portugal a um país quase deserto.

Foi nesta ocasião que pôs cerco à famosa cidade de Britonia (hoje Bretiande) que, depois de heroica resistência, foi tomada pelos mouros, que fizeram no povo uma horrível matança, não perdoando a sexo nem idade.

Daqui tomou Almançor o caminho pelo alto da serra de Pera, em direcção a Trancoso, e atravessando o território onde hoje tem o seu assento a vila de Aguiar da Beira, martirizou todas as freiras do mosteiro de Sismiro (em cujo lugar existe hoje a ermida de Nossa Senhora do Mosteiro, a de que aqui se trata).

É este templo muito visitado de procissões, em vários dias do ano, das terras em redor.

A tradição popular, conservada de pais a filhos, e que (abstraindo das crendices inverosímeis, e de patranhas com que adornam o facto) concorda com a história, diz que muitos capitães cristãos se juntaram para fazer rosto aos mouros, e os acometeram em uma planície, a que ainda hoje se dá o nome de Campo do Desbarate, perto do lugar do Souto, termo de Aguiar da Beira; mas os portugueses foram vencidos e derrotados, e mortos alguns dos principais.

Não desanimaram, todavia, os cristãos, antes, em uma das seguintes noites, atacaram os mouros de improviso, com tanta coragem e felicidade, que poucos mouros, dos que estavam neste sítio, escaparam com vida.

Sucedeu isto no lugar da Matança, a 6 quilómetros de Pena Verde.

Almançor subiu a um alto, onde recolheu os seus fugitivos, e marchou dali para o norte.

Até aqui a tradição,

É certo que Almançor, depois de talar o território da Beira Alta, marchou para a Galiza, onde o conde, D. Forjaz de Vermuiz, unido ao conde D. Garcia Fernandes, e a D. Bermudo, rei de Navarra, deram aos mouros a famosa batalha de Alcantanaçor, junto a Osma, onde estes foram completamente desbaratados, e Almançor, mortalmente ferido. (998.)

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Do lugar de Sismiro, em que fala frei Bernardo de Brito, não há hoje vestígios, provavelmente porque mudou de nome. Talvez seja Sermilo ou Decermilo, no concelho de Satão, que não fica longe da Senhora do Mosteiro.

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Em vista do título da Senhora, padroeira desta Capela, é fácil acreditar que existiu aqui um mosteiro, que o Sant. Mar., diz ter sido de freiras gracianas (eremitas de Santo Agostinho, como eram as do mosteiro de Arcas) das quais era então abadessa, Columba Osores, que morreu mártir, com todas as suas religiosas; sendo a igreja e o mosteiro arrasados.

Diz a tradição, que algumas freiras que puderam fugir, antes da chegada dos mouros, levaram a imagem da Virgem, padroeira do mosteiro, e que é a que está na igreja da Lapa de Quintela.

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Em 1037, faziam crua guerra aos mouros de Portugal, os netos de Alboazar Ramires, ganhando uma sangrenta batalha, nas margens do rio Távora. Pouco depois, declarou-se a guerra entre D. Bermudo e seu cunhado, D. Fernando, o Grande, rei de Castela, e sendo o primeiro morto na batalha de Lantade, sem deixar filhos, uniu D. Fernando o reino de Leão ao de Castela, e caindo sobre os mouros lhes tomou Badajoz, Évora, Beja, Mérida, Seia, Viseu, e Lamego (defendida por Zadão-Iben.)

Livre, pois, este território do domínio mauritano, pelos anos 1040, trataram os cristãos de reedificar a igreja do mosteiro, e como a imagem da padroeira estava na igreja da Lapa de Quintela, mandaram fazer outra, por esta, e em tudo semelhante, para a colocarem na igreja reconstruída.

Também ao monte onde está esta ermida, denominam Monte de S. Giraldo; porque um devoto deste santo, chamado Francisco Giraldes, morador no lugar de Vale-Verde, pelos anos de 1600, mandou fazer uma imagem de S. Giraldo, e a colocou no altar da Senhora, reparando por essa ocasião a ermida, que o tempo tinha danificado, e estava desmantelada.

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Perto da ermida fica o lugar de Cepões e a quinta das Lameiras, e pretende-se que um prazo, que foi de João Lourenço, dono desta quinta seja obrigado á fabrica do altar da capela, cujo eremitão era apresentado pelo pároco de Aguiar da Beira.

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Com a Senhora do Mosteiro, têm muita devoção todos os povos circunvizinhos, que a visitam com várias procissões, em cumprimento de antigos votos.

A freguesia do Espirito Santo da Cortiçada (concelho de Aguiar da Beira) era a primeira que cumpria o voto, em 3 de maio (dia de Santa Cruz); a 2ª era a vila de Aguiar da Beira, que fica 6 quilómetros ao Norte, vai na 2ª oitava da Páscoa; a 3ª era a da vigariaria da Senhora do  Vale das Romãs (concelho de Sátão, antigo concelho de Gulfar) ia no dia da Ascensão de Jesus Cristo.

No mesmo dia ia a freguesia de S. João Baptista de Quintela (concelho de Sernancelhe) que fica a 12 quilómetros de distância da ermida.

Seguia-se em 5° lugar, a da freguesia de Ferreira de Aves (concelho de Sátão) que dista da capela 6 quilómetros e vai com seu termo, e ia a câmara quando era concelho.

Na 1ª oitava do Espírito Santo, ia em procissão o povo da vila de Aguiar da Beira, com o seu pároco e clerezia, e a câmara, incorporada, e era também um dia de grande solenidade.

Era igualmente em cumprimento de voto antiquíssimo.

A maior parte destas devoções e solenidades, aniquilou-as a descrença do século XIX; mas o povo rude dos campos, e alguns cavalheiros das vilas, ainda conservam pela Senhora, a mesma devoção dos seus antepassados.

(1) Este cerco e conquista é mais uma prova de como havia em Portugal duas Britonias.

In “Portugal Antigo e Moderno”, de Pinho Leal (1876, Vol. 7, Pág. 49)


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